Projectos Âncora

Actualmente, todos os países industrializados estão a sequenciar os genomas das suas espécies e culturas mais rentáveis e emblemáticas, num plano integrado de conservação e melhoramento. Só a sequenciação pode identificar todos os genes estruturais da espécie, permitindo um conhecimento aprofundado do modo de funcionamento da espécie em causa.Sendo o Sobreiro e o Pinheiro Bravo duas das culturas mais relevantes do nosso País, por diversas razões económicas, ecológicas e sócio-culturais, justifica-se uma iniciativa que visa arrancar em Portugal com a sequenciação do genoma destas espécies. Já no caso do Eucalipto, justifica-se ser mais ambicioso que a mera sequenciação na medida em que, face ao trabalho já desenvolvido (por iniciativa de outras entidades, noutras geografias), será possível identificar os genes responsáveis por características da madeira com relevância económica significativa.A recente implementação em Portugal do recurso tecnológico mais avançado para a sequenciação de DNA, ainda único a nível Ibérico (BIOCANT), possibilita a concretização do processo de sequenciação de grande parte do genoma de Sobreiro, em 2-3 anos.No caso do Pinheiro bravo, e devido ao grande tamanho do seu genoma (cerca de 7x superior ao genoma humano), pretende-se através deste projecto assegurar a participação activa do nosso país na iniciativa internacional em fase de arranque para a sequenciação do genoma de uma conífera (“International Conifer Genome Resource Initiative”-ICGRI), envolvendo vários países europeus, os EUA, o Canadá e a Austrália entre outros. A constituição deste consórcio internacional permitirá ultrapassar as dificuldades técnicas inerentes à sequenciação de um dos maiores genomas conhecidos através da cooperação internacional.O projecto envolve a identificação da árvore-alvo para cada espécie, isolamento de DNA e/ou RNA (no caso do Pinheiro) de elevada qualidade e a sequenciação com anotação e interpretação dos dados obtidos.

O conhecimento dessa sequenciação deverá, posteriormente, dar origem à produção de espécies melhoradas, de maior qualidade e resistência a agentes de degradação, como os naturais (risco de incêndio) e biológicos (pragas e doenças).

Dependendo dos avanços concretos que no domínio da genómica do Eucalipto se venham a concretizar será possível desenvolver aplicações técnicas de marcadores moleculares microsatélites, aplicáveis em estudos de comprovação da identidade genética de clones de Eucalipto (certificação de plantas clonais) e na caracterização da diversidade genética existente no país, de forma a direccionar acções de enriquecimento dos programas de melhoramento nacionais.

Apesar do elevado potencial produtivo de vastas áreas do nosso território, a actual produção lenhosa e a sua qualidade ficam bastante abaixo das suas possibilidades, facto este agravado significativamente pelos incêndios de 2003 e 2005.Nestas circunstâncias, torna-se fundamental desenvolver programas de rearborização para estas áreas, onde o material genético utilizado (sementes e plantas, de origem seminal e clonal) ocupe a paisagem de forma ordenada (concepção de projecto de rearborização) conseguindo menor exposição ao risco de incêndio e a pragas e doenças e, deste modo, assegurar o seu sucesso e rentabilidade do investimento.A existência de trabalhos de melhoramento genético em curso para as espécies mais importantes da floresta portuguesa é um aspecto essencial para assegurar a sua sustentabilidade e da indústria associada que lhe está associada. No entanto, há que dar continuidade aos trabalhos de investigação e multiplicar a capacidade de produção de plantas geneticamente melhoradas pelas diversas vias alternativas (micro, míni e macro-estacaria, polinização controlada e polinização aberta), assegurar a sua adequada utilização e futura gestão. Uma floresta mais bem adaptada às condições locais e que assegure melhor defesa contra factores bióticos (como por exemplo, a resistência à micosphaerella), com melhores crescimentos e melhor qualidade da madeira representa um ganho acrescido para o proprietário florestal, para os agentes de exploração e transporte e para a indústria transformadora.Garantidas as melhores plantas importa assegurar que o esforço de rearborização irá suportar os riscos bióticos e abióticos de uma determinada paisagem. Para que seja possível dimensionar um projecto de rearborização viável, é determinante avaliar correctamente o risco de incêndio e de pragas e doenças e conceber modelos de ocupação do solo (mosaico) mais resistentes/resilientes ao fogo, empregando as espécies mais adequadas e efectuando o tratamento de combustíveis nos locais onde estes serão mais eficientes.Desta forma, reduz-se o risco do investimento, os custos de manutenção e aumenta-se a produtividade da floresta portuguesa.

Dada a natureza essencialmente privada da floresta portuguesa, é fundamental promover a mobilização dos agentes para o potencial de melhoria existente. Torna-se, assim, fundamental desenvolver acções de demonstração e divulgação dos materiais e técnicas disponíveis.

O objectivo desta linha de trabalho é identificar as áreas agrícolas abandonadas ou semi-abandonadas, avaliar o seu potencial florestal (tendo em conta a selecção das espécies mais adequadas), e promover a efectiva transferência de áreas, potenciando a instalação florestal nas novas áreas e promovendo a restauração dos valores de biodiversidade e conservação nas áreas assim desocupadas. Propomo-nos também a identificar áreas florestais com níveis de produtividade abaixo da sua capacidade, promovendo a sua melhoria de gestão e consequente rendimento.Este projecto-âncora tem, assim, dois objectivos fundamentais:
a) Fomentar o aumento da área florestal certificada o número de certificados da cadeia de custódia da indústria da fileira florestal em Portugal;
b) Contribuir para o aumento da qualidade e produtividade da floresta Portuguesa.

Pretende-se criar um Observatório dos Recursos Florestais, destinado a fornecer à indústria e aos principais stakeholders da fileira florestal portuguesa informação relevante e quantificada, sobre o balanço das necessidades e disponibilidades do recurso florestal.O Observatório dos Recursos Florestais é um sistema de informação estratégica para a produção florestal e a indústria de transformação dos recursos florestais, fundamental para a difusão de informação de alto valor acrescentado, em tempo útil, com o objectivo de reduzir a incerteza nos processos de tomada de decisão pelas empresas, instituições privadas (organizações profissionais e associações) e administração pública.O seu objectivo principal é avaliar, de forma regular, o balanço entre a oferta e a procura na Fileira Florestal, e nas suas empresas, permitindo nomeadamente:
o Monitorizar o desenvolvimento sectorial, as suas carências e valências;
o Elaborar previsões sobre a evolução da Fileira;
o Apontar objectivos e sustentar a definição, implementação e controlo de uma estratégia para a Fileira, que contemple a promoção da investigação científica e tecnológica, em articulação com as unidades de investigação;
o Promover a aproximação entre a produção florestal, e a transformação industrial, englobando-as num sistema de informação comum, tendo em vista a prossecução de estratégias igualmente comuns;
o Disponibilizar informação agregada às empresas e aos agentes da Fileira em geral, capacitando-as nas suas decisões estratégicas.

Este projecto permitirá desenvolver, em Portugal, tecnologias de ponta à escala industrial, para futuramente possibilitar a disseminação do conhecimento, conduzindo à utilização eficiente de recursos endógenos renováveis e contribuindo, desta forma, para a redução nacional da dependência de recursos energéticos fósseis importados.Pretende-se com este projecto efectuar os estudos de valorização destes biocombustíveis, quer ao nível energético quer ao nível dos seus derivados, podendo conduzir à eventual instalação de unidades piloto.

Através do desenvolvimento do projecto, a AIFF pretende fornecer à Indústria de base florestal e aos principais mercados consumidores informação relevante e quantificada sobre a pegada de carbono dos produtos de base florestal.
Com este fim, serão criadas competências em análise de ciclos de vida, que permitam às empresas interessadas identificar o impacto dos seus produtos em termos de emissões de gases de efeito de estufa, em particular do dióxido de carbono e simultaneamente do seu sequestro.Estas competências permitirão também a essas empresas simular o impacto ambiental de uma alteração de processos ou do lançamento de um novo produto, fornecendo à gestão um novo elemento (cada vez mais importante) para suporte da decisão.
Por outro lado, clientes e consumidores exigem, mais do que nunca, que as empresas informem sobre os impactos dos produtos fornecidos, de forma rigorosa e transparente e tendo por base standards internacionalmente reconhecidos. Assim, as análises a efectuar sê-lo-ão em conformidade com as normas ISO 14040 e 14044, o que permitirá a sua certificação e acreditação. Processo e resultados serão apresentados e discutidos com as partes interessadas (incluindo ONG´s) e serão amplamente divulgados.
Será, assim, criado um processo e um sistema de certificação independente que permita a etiquetagem credível e reconhecida da “pegada de carbono” dos produtos.
Este sistema permitirá a comparação entre produtos, ou famílias de produtos, por parte do consumidor, uma vez que se pretende desenvolver, não só a análise da pegada dos produtos da Fileira Florestal, mas, mais do que isso, uma metodologia de avaliação, que permita comparar resultados.Finalmente, será necessário sensibilizar os mercados e a opinião pública para as vantagens da avaliação e certificação da pegada de carbono dos produtos, publicitando o “carbon footprint label”.

A Fileira Florestal Portuguesa sofre de um défice de qualificações quer a montante, a nível da produção florestal, quer a jusante, junto da indústria, sendo um problema transversal e que afecta a esmagadora maioria dos agentes.A acção do PCT no âmbito da Qualificação dos Recursos Humanos será o meio pelo qual as restantes intervenções, traduzidas nos factores críticos de sucesso das indústrias de base florestal, poderão ser levadas às empresas do sector e correctamente sustentadas numa perspectiva de inovação, criação de valor e desenvolvimento sustentado.O projecto Educação e Formação – Desenvolvimento do Potencial Humano, tem como objectivos:
– Gerar ofertas formativas específicas para a indústria de base florestal;
– Permitir aos quadros de topo das empresas da Fileira, o acesso a formação contínua, especializada na sua profissão.
– Potenciar a aquisição de competências, assegurando a integração e renovação da formação e inovação na estratégia das empresas e na política de procura de novas oportunidades e de expansão para novos mercados.
– Gerar formação-acção como meio de integrar rápida e eficazmente o conhecimento nas empresas;
– Permitir a aquisição das valências necessárias para o crescimento das mesmas tanto no plano interno como externo e, desta forma, alavancar o crescimento de todo o sector.
Tem ainda um objectivo complementar, de influenciar os programas de ensino secundário/técnico e superior para os adequar às necessidades e realidades das empresas. Para tal, procurar-se-á inventariar as necessidades das empresas em termos de formação, inventariar a oferta existente e estabelecer a ponte entre ambas. Caso necessário, colmatar as lacunas detectadas, mediante uma rede de instituições protocoladas formada por Escolas Secundárias, Centros de Formação, Associações Empresariais e Sectoriais, Institutos Politécnicos e Universidades.A oferta deverá iniciar-se em escolas do secundário, através dos cursos profissionalizantes, complementada pelos Centros de Formação profissional. Deverão criar-se condições para, no âmbito dos curricula escolares, se instituírem as “escolas nas fábricas”, onde formador e aluno (10 a 15), possam interagir com a realidade industrial, à semelhança do modelo alemão, não só aperfeiçoando competências e desempenhos em áreas vitais, como também captando e estimulando a atenção de jovens quadros para o sector, esta valência é fundamental para o êxito da indústria, visando a promoção do emprego de forma sustentada, sob risco de, por inacção, assistir ao seu declínio por incapacidade competitiva com os restantes parceiros europeus.